quarta-feira, setembro 24, 2008

Arroz soltinho e carreteiro de primeira

Minha mãe sempre fez um carreteiro de matar. O arroz
de carreteiro, que nós sempre abreviamos ao falar aqui
no sul. Ao contrário do risoto italiano, em que buscamos
fazer com que o arroz solte amido formando aquele creme,
no carreteiro que aprendi a fazer com minha mãe a graça
era terminar com o arroz no ponto certo, mas bem "soltinho".

O arroz de carreteiro original, todos devem saber, é feito
com charque. Comida simples, de homem do campo. De preparo
rápido, usava ingredientes que podiam ser levados de um lado
para o outro sem refrigeração. Atualmente, nós chamamos uma
ampla variedade de receitas de carreteiro. Com filet
mignon
, alcatra, coxão de dentro, ou, meu favorito,
de sobras de churrasco.

Gosto de preparar o meu de modo bem simples: um refogado
básico, a carne, o arroz e água que dê. Aí vem o segredo:
após adicionar o arroz lavado à panela e completar com água,
NÃO SE MEXE MAIS EM NADA! Melhor: retire todos da cozinha,
não toque mais no fogão, não se fala alto na casa!
Acompanhe o cozimento a olho, levantando a tampa da panela
(que deve deixar uma fresta para o vapor do cozimento em
fogo baixo sair) delicadamente. Se faltar água, acrescente
somente o necessário, o ponto do arroz é fundamental.
Seguir estas orientações nada exatas não é tarefa
simples, mas esta é uma daquelas situações em que a
experiência se sobrepõe à receita escrita.

Aí... bem, aí veio o casamento e uma filha. Uma dupla que
gosta de arroz "emboladinho". Carreteiro "molhadinho".
Arroz tipo "unidos venceremos". Toda aquela técnica,
transmitida por gerações, subitamente caiu em desuso.

2 commentários:

Oliver Pickwick disse...

Curioso o seu preparo do arroz de carreteiro. Refiro-me a deixar o arroz durante o cozimento, num estado zen, isolado como um monge do Tibete.

Pergunte ao especialista: o arroz-de-hauçã também é um tipo de carreteiro, não?
Quanto à sua pergunta, aqui em Salvador temos uma Primavera que é praticamente Verão. Contudo, o verão de Salvador não é causticante, muito ao contrário, a temperatura varia entre 23 e 33.
Um beijo!

Clarissa Barth disse...

Hum... Gom, a nossa aposta continua de pé! Precisas fazer este risoto prá eu experimentar! Prometo ser sincera! ;) Eu gosto com sobras de churrasco! Vamos ter de programar isto: churrasco num dia, carreteiro no outro!